Integração vs Subordinação

Na questão da integração vs subordinação das TIC no currículo muitos aspetos há a considerar. Desde logo distinguir os dois conceitos no que se refere à prática pedagógica. Todos conseguimos definir concetualmente cada um deles, mas em que se traduzem verdadeiramente nas práticas escolares? Aceitamos que a integração seja apenas o domínio técnico das ferramentas? Ou a utilização de novos suportes (técnicos, materiais, digitais) em atividades tradicionais?

Há que distinguir o que é o domínio de uma ferramenta e a sua utilização em contexto educativo. Digitar um texto do manual utilizando o processador de texto quando antes se fazia no caderno com recurso ao lápis ou caneta, não é integração. É simplesmente utilizar uma ferramenta em substituição de outra. Mas, se a utilização do processador de texto surgir integrado num contexto de pesquisa, por exemplo, em que o próprio aluno utilizou a internet, individualmente ou em grupo, para pesquisar algum tema do seu interesse, organizou um texto com sentido e pretende divulgá-lo pelos colegas ou noutro espaço, então já podemos afirmar que as ferramentas TIC fizeram parte de um processo global de integração de vários saberes.

Muito se discute dos motivos que levam a que, ainda hoje, não exista uma verdadeira integração tecnológica nos currículos. O argumento da falta de recursos já não é tão premente pois a maior parte das escolas estão equipadas, umas mais que outras, é certo. É inegável o investimento que foi realizado nos últimos anos no sentido de apetrechar as escolas. Podemos discordar da forma como alguns desses investimentos foram apresentados e se concretizaram. No entanto, penso que aqui o fator preponderante é o humano, não só do lado do decisor local (direções das escolas), que muitas vezes demonstra falta de liderança e visão de conjunto, mas também dos professores. Alguns fatores são apontados: falta de conhecimentos técnicos, o medo de ser suplantado pelo conhecimento dos alunos, medo da crítica, indiferença, resistência à mudança, etc. O professor deve individualmente repensar e questionar o seu papel e métodos, num contexto em que, globalmente, essa discussão já se faz. Ideias como a colaboração e a comunicação estão cada vez mais presentes e o professor não pode alhear-se dos novos caminhos pois há sempre espaço para a adaptação.