O manual escolar, quer se queira ou não, ainda vai existir muito tempo. Realmente sou de opinião que se planifica em demasia em torno do manual. Mas também não é a fonte de todos os males. Tem o seu lugar. O aluno não deve perder o contacto com o suporte papel. O manual é uma boa forma de o aluno encontrar a informação que precisa de forma condensada.

Além disso, enquanto não houver a mudança de mentalidade, nomeadamente das famílias, o professor sente-se tentado, para não dizer “obrigado”, a utilizar o manual. Para muitos pais, o professor que durante um ano não usou o manual, ou pouco o fez, não foi um bom professor, o que andou a fazer? para que comprou ele o manual? Por isso, se quisermos mudar realmente a nossa escola, o primeiro passo é uma mudança de mentalidade de todos (sublinho todos) os intervenientes.

Lembremo-nos também que, para muitos alunos, sem acesso a outras fontes de informação extra escola, o manual ainda é a ferramenta mais importante na construção do seu saber.

Relembremo-nos também que a maioria dos professores hoje cresceu e fez a sua escolaridade com recurso ao manual, não havia internet, redes móveis ou acesso ao conhecimento senão em suporte de papel ou pelo saber dos seus professores. Atualmente a maioria dos professores já recorre às TIC. O problema é que muitos só o fazem para uso pessoal ou como suporte à sua planificação, não como parte integrante da sua aula. Realmente acho que a mudança de mentalidades é necessária mas, infelizmente, esta não se faz por decreto ou instalando computadores e outros recursos em cada sala (ou para cada aluno).

Sempre fui contra aqueles extremistas que anteveem um futuro onde cada aluno terá na palma da sua mão um i-pad ou um portátil. Por mais desejável e tentador que isso seja, na minha opinião, nada substitui o prazer de sentir a caneta a deslizar no caderno ou o cheiro a livro novo. Como em tudo na vida, cada coisa na medida certa, na altura certa e no local certo.