O modelo 4C-ID considera que as situações de aprendizagem baseadas em tarefas da vida real são a força motriz da aprendizagem e, consequentemente, o principal componente de um ambiente de aprendizagem complexa corretamente concebido. (Miranda, 2009)
Segundo o modelo de design educacional de quatro componentes (4C-ID) de Jeroen Van Merriënboer são necessários quatro componentes para a aquisição de aprendizagens complexas:
Tarefas de Aprendizagem
- Descrição das tarefas e orientação
- Experiências significativas baseadas em tarefas da vida real (resolução de problemas, raciocínio)
Processo de Aprendizagem Associado: INDUÇÃO
Construção de esquemas a partir de tarefas concretas de aprendizagem
Informação de Apoio
- Informação que serve de apoio à aprendizagem e ao desempenho de tarefas de resolução de problemas e raciocínio inerentes à aprendizagem
- estabelece a ponte entre o que os alunos já sabem e o que pode ser útil saberem para realizarem com sucesso as tarefas de aprendizagem
Processo de Aprendizagem Associado: ELABORAÇÃO
Construção de esquemas com base em conhecimentos já existentes na MLP com novas informações de apoio
Informação Processual
- Instruções de como fazer
- Informação que constitui um requisito prévio para a aprendizagem
- A melhor forma é organizar a informação em pequenos segmentos de informação apresentados ao aprendiz no momento exato que deles necessita
Processo de Aprendizagem Associado: COMPILAÇÃO de CONHECIMENTOS
Automatização preliminar de esquemas com base na informação processual
Prática nas Tarefas
- Exercícios práticos centrados em aspetos de rotina nas tarefas de aprendizagem
- Apenas é necessária quando as tarefas de aprendizagem não suscitam uma repetição suficiente
Processo de Aprendizagem Associado: CONSOLIDAÇÃO
Desenvolvimento de níveis muito elevados de automaticidade através de práticas das tarefas
O que o modelo 4C-ID preconiza é que as situações de aprendizagem devem ser baseadas em tarefas da vida real e que a melhor forma de aprender é praticando essas mesmas tarefas, seja em contexto real ou simulado. Parece-me pois um modelo mais estruturado para o ensino profissional e/ou de adultos, embora em certos conteúdos, possa ser adaptado a faixas etárias mais baixas.
Pela estrutura do modelo reparamos que a informação de apoio vai sendo reduzida à medida que aumenta a prática do aprendiz e, simultaneamente, a dificuldade da tarefa, até que o problema tenha que ser resolvido sem ajuda de todo.
A importância dada aos aspetos e processos da memória parece-me óbvia. De modo a não sobrecarregar a MT, numa fase inicial, são dadas orientações, apoio tutorial, exemplos. Com a prática, os esquemas vão-se formando (e automatizando) na MLP, logo a informação de apoio pode ser reduzida. Todo este processamento da informação é ajudado pela estrutura modelar de cada curso e pelas instruções de “como fazer”, dadas no momento de realização da tarefa pelo aprendiz.
As pessoas aprendem de muitas maneiras diferentes (imagens, sons, texto). No entanto, em consonância com as teorias do processamento da informação e com os estudos sobre a memória (nomeadamente a Carga Cognitiva de Sweller), a utilização dos canais visuo-espacial e fonológico em simultâneo aumenta a capacidade efetiva da memória de trabalho.
O modelo 4C-ID preconiza também uma série de princípios multimédia relevantes para cada um dos quatro componentes. Esses princípios a utilizar em cada componente interligam-se muito com os já referidos por Mayer na sua teoria da aprendizagem multimédia.
Referência:
Miranda, G. L. (Org.) (2009). Ensino online e aprendizagem multimédia. Lisboa: Relógio d’Água Editores
O grupo de trabalho elaborou uma apresentação sobre este modelo.
Pode também assistir ao vídeo abaixo.