Modelos Instrutivos – Mais Reflexões

Sou de opinião que hoje, mais do que nunca, o professor deve ter uma alta capacidade de adaptabilidade. Todos sabemos que o mesmo conteúdo não pode ser ensinado da mesma maneira a alunos diferentes. Ao tentar classificar modelos, teorias, métodos, etc., como estanques acabamos por perder contributos importantes.

Para algumas matérias o trabalho cooperativo, a autoaprendizagem, a descoberta podem ser a solução, para outras a intervenção mais direta do professor torna-se essencial.
A teoria cumulativa de Gagné parece-me demasiado estruturada e dirigida, muito centrada no professor, na transmissão, um pouco à semelhança do que acontece no dito ensino tradicional. Penso que, de um modo geral, os professores atualmente utilizam nas suas aulas as fases referidas no seu modelo, naturalmente adaptadas ao conteúdo disciplinar. Concordo com a sua natureza cumulativa no sentido do encadeamento, em que é necessário respeitar minimamente a ordem de aquisição das competências e conceitos.

Por seu lado, o modelo construtivista de Bruner nem sempre poderá dar os resultados esperados. Fazer recair o ónus da aprendizagem essencialmente sobre o aluno parece-me excessivo pois nas salas de aula a diversidade de realidades sociais, culturais e cognitivas dificultam a realização de tarefas se não existir um conjunto de pré-requisitos (ou pré-competências) para a realização dessas mesmas tarefas.

Neste momento, uma das competências mais importante que o professor deve possuir é a sua capacidade de adaptação a todos os fatores que rodeia a sala de aula. Certamente todos já passámos pela experiência de chegar à conclusão que o que resultou num ano com uma turma, não está a ter os mesmos resultados com outra. É neste aspeto que entram as várias teorias da instrução e o próprio design de conteúdos. O enfoque que cada uma dá a um aspeto resulta melhor com certos alunos mas com outros já poderá ser necessário ir buscar elementos a outra teoria. Há turmas que funcionam bem num modelo mais livre, de autoaprendizagem e exploração, enquanto outras necessitam constantemente da orientação do professor. Um mero exemplo de como o professor deve adaptar-se ao aluno e não o contrário.

Outro aspeto que, na minha opinião, só há pouco tempo estamos a ver implementado nas escolas, é a questão do trabalho cooperativo e da partilha, seja de materiais, métodos ou estratégias. O sucesso dos alunos depende grandemente desta cooperação entre todos os intervenientes que lidam com o aluno. O professor é cada vez menos um ser solitário para começar a fazer parte de uma rede de apoio cuja função principal é o sucesso educativo dos alunos.

Apesar de antagónicas na essência e no método, poderemos considerar as duas visões complementares no objetivo geral que é a aprendizagem (uma afirmação redundante uma vez que qualquer modelo de instrução terá como finalidade última a aprendizagem). Como modelos, ambos apresentam um conjunto estruturado e aprofundado de preceitos. A conclusão final seria de que o resultado esperado influencia o processo, no sentido que cabe ao professor apresentar os melhores métodos e estratégias para que ao aluno atinja o conhecimento desejado.