A abordagem comportamental defende as aprendizagens reflexas, logo não deixa muita margem de manobra para uma eficaz adaptação a situações diferentes. Existe uma generalização de respostas a estímulos semelhantes. Daqui se depreende a importância da memória, da repetição, do exercício. De um certo estímulo espera-se um leque muito reduzido, ou único, de respostas. Penso que o ensino tradicional reflete muito este tipo de práticas e teorias. Trata-se de um ensino focalizado no professor, na transmissão de conhecimento. O aluno é a “tábua rasa” (referido por Watson). Ao nível da aprendizagem de comportamentos (valores, atitudes), esta visão terá, porventura, algum mérito.
Por outro lado, a tradição cognitivista, como o nome indica, releva mais o aspeto cognitivo do indivíduo. Existem processos cognitivos comuns a todos nós mas o modo como processamos, relacionamos e interligamos a informação e os estímulos varia entre indivíduos. Não somos computadores mas o nosso cérebro é mais complexo que o mais complexo dos computadores. Assim, o importante é realmente tentar perceber as complexas relações no decorre da aprendizagem. Deste modo, o aluno já não é uma tábua rasa mas vem inundado de conhecimentos prévios. No fundo, pretende-se que através de uma aprendizagem pela descoberta, organizada sequencialmente e com crescente complexificação, dando bastante ênfase à autoaprendizagem, se consiga fazer a transferência de aprendizagens anteriores para novas situações.
O que os teóricos ultimamente defendem é que ambas as teorias possuem aspetos a considerar. Como refere o texto, “é necessário ter em conta não só o sujeito individual mas os contextos sociais e culturais onde ocorre a aprendizagem”. Certamente todos já assistimos a alunos que obtêm piores resultados escolares por não terem disponíveis no seu meio familiar ou social as ferramentas (no sentido lato do termo) mais apropriadas. Obviamente, cabe à escola esbater essas diferenças embora isso nem sempre seja conseguido.
As várias teorias complementam-se porque, na verdade, a mente humana é tão complexa que o processamento da informação recorre a uma infinidade de processos decorrentes de aspetos fundamentais defendidos por várias teorias. Trata-se de um misto de indivíduo, memória, processamento interno e externo, reflexo, resposta, meio social e cultural, etc.
Como podem as TIC estimular a aprendizagem e o conhecimento? e a ajudar a esbater as diferenças na escola?
Diria que o problema é que a escola, por tradição, está sempre atrasada em relação às inovações tecnológicas. Apenas quando estas já se difundiram pela sociedade é que a escola as adota como parte integrante do seu funcionamento (e muitas vezes de forma errada e apressada- nota pessoal: veja-se o caso dos Magalhães).
Mas as TIC permitem, desde logo, uma diversificação de recursos e estratégias e uma interatividade não presente no ensino tradicional. Além disso, permite que todos, na escola, possuam acesso às mesmas fontes de informação, esbatendo assim, em teoria, as diferenças sociais e de literacia familiar. O aluno que não tem acesso a um computador (por exemplo) em casa não ficará em desvantagem a outro que o possui. As TIC tornam possível uma aprendizagem mais colaborativa mas, ao mesmo tempo, favorecem a autoaprendizagem. Como, de repente, as fontes de informação se exponenciaram (e os alunos aperceberam-se disso), o professor já não é a fonte única e tradicional do saber. A sua função passará por orientar e aconselhar nesse mundo de informação disponibilizada e à qual o aluno tem acesso também fora da escola. Claro que tudo isto implica uma mudança de paradigma (formação de professores e o seu papel na sala de aula – de transmissor a mediador-, alteração de currículos e práticas, investimento material, etc.).